Thursday, March 09, 2023

Manuel Fúria - Os Perdedores


Manuel Fúria é um artista, curiosamente, quase um conterrâneo meu, o que me faz, sem dúvida ouvir as músicas de outra forma, à procura de referências a Santo Tirso ou ao rio Vizela.

Depois de alguns albums muito bons, lança-se agora, a solo num registo diferente dos anteriores.

O mais recente LP, "Os Perdedores", tem uma sonoridade muito mais dançável, electrónica e, em muitos momentos, mais alegre e feliz.

A música, na sua generalidade é menos orientada por guitarras e faz lembrar uma espécie de 80's modernos, não de uma forma nostálgica, mas mais de uma forma atualizada.

As letras são bastante pessoais (a música normalmente sai melhor quando se escreve com significado) e diria que tem como grande base dois assuntos: a memória/recordação e a religião, neste caso, católica. É um tema, talvez pouco usual na música pop/rock, no entanto válido e muito interessante. Acredito que, numa era em que o catolicismo esteja debaixo de fogo acho que seja importante ver a essência do significado de religião, uma introspeção e uma fé muito pessoal e própria e isto dito por mim, um ateu. 

O single de apresentação, tema "Os Perdedores" apresenta-se como uma das melhoras músicas do álbum. Extremamente dançável, num registo melancólico, com um super refrão cativante, e malhas muito poderosas. E como tal, mistura muito bem os dois temas centrais que apontei em cima.

"Bicicletas de Montanha", "Nem Fome, Nem Mundo" e "Malta Que Se Foi", Fúria recorda eventos, locais e pessoas do seu passado. "Malta Que Se Foi" não entrou à primeira no meu ouvido, achei-a demasiado alegre, quase juvenil, mas agora é dos momentos que mais gosto, a energia está lá, a letra é fantástica, daquelas músicas que um português ouve e tem sempre um sorriso na cara. Os amigos de Fúria devem sentir-se muito honrados por estares presentes na música, mesmo os que já se foram. 

"Blandina de Lyon", é um momento muito forte, e sombrio, relatando algumas dificuldades (ou catástrofes) sofridas por elementos da religião cristã. "Novo Normal" eu diria que é um certo relato das alterações climáticas, pelo menos foi isso que pensei ao ouvir a poesia. 

Diria que "Católico Menino Manco" seja um momento autobiográfico. Manuel Fúria pinta muito bem as suas recordações. É muito fácil virem paisagens à cabeça enquanto se ouve as suas músicas.

Todas as música fluem de uma forma muito natural, é muito agradável de ouvir "Os Perdedores" do início ao fim, quase que como um livro. As músicas têm todas um equilíbrio muito ponderado entre a complexidade (eletrónica) e a simplicidade do que é uma música na sua base. Fúria canta de uma forma sonhadora, com uma voz que transpira tanto saudade e melancolia do seu passado como alegria por ter vivido esses momentos.  

O album está excelente. Tendo por base uma ou outra entrevista que li, penso que este álbum seja um testamento muito pessoal e biográfico que Manuel Fúria tinha vontade de deixar e exatamente desta forma, falando de si mesmo, das suas cidades, dos seus amigos, da sua religião. 

Mais aqui:

https://manuelfuria.bandcamp.com/album/os-perdedores


Friday, February 10, 2023

Depeche Mode - Ghosts Again Review


 Depeche Mode just launched their comeback single.

The song is called "Ghosts Again" and is the presentation single ffor their next album, Memento Mori.

It is the first piece of music release by the band after the death of their founding member Andrew Fletcher. 

Although the song could be seen as a memorial to their former friend, all the album was written before Fletcher's death. Death, pain and suffering are really common themes on the band's back catalogue, so I would say it is a bit normal that their new single is about it. However, as Martin Gore said, the passing of Andy really gave an extra meaning to all of their new material.

Fletcher was a vital member on the band, not in a musically way, but, much more in a spiritual and balanced way. 

The song is OK but, in my opinion, nothing really great.  They have much better songs on the past, and, for example, "Where's The Revolution?" (the 1st single from the previous album) was a much more powerful song.

Dave Gahan said  that "Ghosts Again" is the perfect balance between joy and melancholy. He has a point of course, the song is too joyful for Depeche Mode. The keyboard lines, the piano, the melodies are too pop, their dark side is really missing here. the guitar intro is really simple, without a powerful distortion. The verse melody is also too simple, it's a bit basic on the flow of the instrumental. The chorus is more OK, Gore's voice gives it a deeper feeling. But I do have the feeling that this song really went on a extreme softer version of the band.

The percussion is also too artificial. I do miss their rockier times from the 90's, which seemed to be back on their last 2 albums. 

The lyrics are OK, although the verses are, again too simple, too short, the chorus is good, something like a prayer about the eternity on the after-life.

The video is also nothing special, a lot of meaningless shots of a skull walking stick, Gahan crawling on a cemetery like he as lost something on the ground and a never ending chess game deosn't really help. Although the fact that it is is black and white was a good move.

Depeche Mode are, and forever will be, one of my favourite bands from all time, but, I really hope that the rest of the album brings better songs.